O voluntariado corporativo no Brasil: crescimento, desafios e oportunidades
O cenário do voluntariado corporativo no Brasil tem apresentado mudanças significativas em anos recentes, evidenciando sua crescente importância no âmbito empresarial. Segundo o Censo 2023 (edição do ciclo 2022) do Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial (CBVE), mais de 54 mil pessoas participaram de ações de voluntariado, quase 50% a mais que em 2021.
O investimento também cresceu, ultrapassando R$ 16 milhões, com um ticket médio de R$ 1 milhão por empresa. Os setores de energia, metalurgia/siderurgia, serviços financeiros e indústria lideram em participação.
A pesquisa também destaca a importância da sustentabilidade e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU nas atividades voluntárias, que fortaleceram a rede de empresas e ampliaram o alcance das ações.
Educação, assistência social, combate à pobreza, meio ambiente, desenvolvimento local e ações emergenciais são os temas prioritários para 52,5% das empresas. No entanto, apenas 10,3% delas possuem parcerias com o poder público, evidenciando a necessidade de integrar programas de voluntariado com políticas públicas.
Por outro lado, 90,70% das empresas realizam ações em parceria com outras instituições, principalmente ONGs e escolas.
Embora esse movimento seja reflexo de uma consciência social mais acentuada por parte das corporações e da compreensão de que o engajamento com a comunidade pode reverberar positivamente na imagem da empresa e na motivação dos funcionários, o investimento voltado às mudanças climáticas ainda é baixo.
Olhando para o cenário internacional, o Brasil segue tendências de países como os Estados Unidos, onde o voluntariado corporativo já é bem estabelecido e frequentemente associado à cultura organizacional. No entanto, existem diferenças significativas, tais como a diversidade de causas e a intensidade com que as políticas de voluntariado são aplicadas.
De acordo com o Dr. Antônio Freitas, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em responsabilidade social corporativa, “As empresas estão percebendo que o investimento em voluntariado não é apenas uma ação benevolente, mas uma estratégia que fortalece os laços com a comunidade e potencializa a imagem corporativa. Além de representar um diferencial competitivo no mercado que cada vez mais valoriza práticas sustentáveis e socialmente responsáveis”.
As implicações dessas tendências no Brasil são amplas e tocam pontos como retenção de talentos, onde funcionários se sentem mais parte de uma organização que valoriza sua contribuição social. Além disso, as corporações que mantêm programas de voluntariado robustos tendem a ter melhor reputação, o que pode influenciar na decisão de clientes e parceiros.
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